Prémio
Construção de Promoção Municipal e Regional
EMPREENDIMENTO DE 30 FOGOS NA URBANIZAÇÃO DAS BÉTULAS
Vila Nova de Famalicão
PROMOTOR
Município de Vila Nova de Famalicão
EXECUÇÃO
Inmetro - Construções, Lda
PROJECTO
Arquiteto João Pestana
Arquiteto Luís Caldeira
Arquiteto Paisagista Jorge Maia
COMENTÁRIO DO JURI
A Urbanização das Bétulas é um empreendimento constituído por habitações e equipamento de apoio social, destinado ao realojamento de uma população de etnia cigana. É um conjunto de grande unidade e equilíbrio entre o volume edificado e o espaço exterior público que sugere percursos e zonas de estadia amigáveis, estimuladoras de convívio entre vizinhos, onde a estrutura arbórea, de acompanhamento das fachadas, dialoga com o ritmo dos vãos das mesmas. As habitações têm uma organização espacial de fácil apreensão, um equilibrado dimensionamento de áreas e adequadas condições de ventilação e iluminação natural. Este empreendimento é o resultado de um projeto com um conceito claro, racional e ajustado a um programa, muito específico. Registamos a satisfação, em relação ao empreendimento, apresentada pelos moradores com quem contactámos durante a visita. Salienta-se, assim, tratar-se de um conjunto caracterizado por uma interessante arquitetura urbana, que desenvolve uma excelente relação de integração e de diálogo com a respetiva envolvente, que assegura um sentido próprio e local de vizinhança, que usa ao máximo o espaço público, em termos de uma vivência diária e intensa e que, ao nível do espaço doméstico, demonstra adequados cuidados de organização funcional e de pormenorização em termos de manutenção e conforto ambiental.

A Urbanização das Bétulas resulta de um projeto de arquitetura desenvolvido com vista à construção de um conjunto de trinta fogos a custos controlados que a Câmara Municipal de Famalicão pretendeu levar a efeito para realojamento de trinta famílias de etnia cigana, num terreno situado na rua Joaquim de Azuaga, na freguesia de Calendário, concelho de Vila Nova de Famalicão. Para que a organização deste processo possa ganhar alguma flexibilidade, opta-se por uma pesquisa sobre uma unidade de habitação evolutiva que, por justaposição ou subtracão, solucione a estruturação da diversidade de tipologias exigidas. A disposição dos apartamentos ¿ definida por uma modelação da sua estrutura funcional que permite partir de um T1 chegando por justaposição a um T2, T3 ou T4 ¿ determina a configuração dos diferentes blocos, em que as tipologias maiores se encontram nos pisos inferiores e as menores nos pisos superiores. Tendo a sala como ponto central do fogo, os apartamentos organizam-se linearmente em direção à zona dos quartos servidos, conforme a tipologia, por uma ou duas instalações sanitárias. No sentido oposto, encontramos a cozinha, tenuamente separada da sala, a lavandaria e o hall de entrada. Os edifícios incluem quatro pisos acima da cota de soleira e desenvolvem-se ao longo das ruas marginais, originando o aparecimento de superfícies de estadia e enquadramento que, pelo seu desenho, sugerem uma unidade na operação urbanística. As plantações reforçam esta ideia de bosque urbano pontuado por volumes construídos. A organização dos blocos foi dando origem a alguns vazios que, tratados como pátios/jardim, funcionaram como prolongamento das habitações, um pouco ao gosto da comunidade.

(Extrato da Memória Descritiva)