REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIO NA RUA DOS CALDEIREIROS 79-81 - REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIO NA RUA DOS CALDEIREIROS 79-81
O júri considerou esta candidatura "Um exemplo a seguir na reabilitação e revitalização dos centros e bairros históricos, embora corresponda a uma situação extrema. Constitui, também, um exemplo de aplicação do conceito de sustentabilidade na reabilitação, entendida como uma necessidade na prática da reabilitação urbana dos um custo/m2 reduzido, face ao resultado final". O júri elogiou a dedicação e criatividade do arquiteto, e a sua "atitude de simplicidade".
(extraído da Ata nº2)
Este projeto parte do pressuposto que a cidade também pode ser recuperada a partir de obras de pequena escala. A casinha situa-se num pequeno lote triangular na Rua dos Caldeireiros, literalmente o espaço sobrante entre edifícios de direcções distintas. Tem cerca de 57 m2 divididos em três pisos e meios-pisos, com uma única frente de 4 metros (o vértice oposto tem 75 cm). A intervenção procurou devolver ao edifício o seu carácter original, com alterações mínimas. Em termos estruturais, a obra resumiu-se à substituição e consolidação de alguns elementos. Na fachada, colocaram-se novas caixilharias de madeira e reabilitou-se o reboco, mantendo-se a aparência "imperfeita" da pedra pintada, testemunho da passagem do tempo. No interior, foram "subtraídas" algumas intervenções que foram descaracterizando o edifício ao longo do tempo (rebocos excedentes, tectos e paredes-falsos). Numa obra desta dimensão, essas simples operações permitiram "ganhar" área e pé-direito, conferindo à pequena casa um padrão de conforto condizente com um modo de vida actual. Foram reabilitados os soalhos dos pavimentos e a madeira das escadas e rodapés altos. Evidenciaram-se as texturas das superfícies de pedra, reboco e tabique dos tectos e paredes, unificadas pela cor branca. A intenção de tornar aparente o ¿esqueleto¿ da casa foi também introduzida na zona de arrumos no rés-do-chão e nos sanitários nos meios-pisos (lavabo e banho), que foram deixados a "nu". Neste processo de "despir" a casinha, tornaram-se novamente aparentes antigas comunicações com as casas vizinhas, que inspiraram a criação de alguns "nichos" que acentuam a relação recíproca entre arquitectura, objectos e apropriação.
(extrato da Memória Descritiva)