Menção honrosa
Reabilitação de Edifício
REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIO NA RUA DOS CALDEIREIROS 83-85
Freguesia da Vitória, Porto
PROMOTOR
Engenheiro Afonso Moreira e Arquiteto Paulo Moreira
EXECUÇÃO
Manuel Sousa Costa
PROJECTO
Arquiteto Paulo Moreira
COMENTÁRIO DO JURI

O júri considerou idêntico o conceito de intervenção encontrado nesta candidatura em relação à candidatura premiada, tendo o mesmo promotor e equipa técnica, por isso merecedora de distinção. ¿Sendo dois edifícios contíguos, fazia todo o sentido a reabilitação dos mesmos em simultâneo¿. No entanto, o resultado desta intervenção foi menos apreciado em relação ao premiado, pelo facto de ter uma escala diferente, (...), "com insuficiente luz natural e, sobretudo, ventilação¿.

(Extraído da Ata nº 2) 


Este é um dos edifícios mais antigos da Rua dos Caldeireiros. Situa-se num lote retangular de 46m2, com duas frentes (...). A obra procura a manutenção das características construtivas tradicionais. A fachada do piso térreo é construída em pedra e os pisos superiores em madeira, avançando gradualmente em direção à rua, situação pouco comum nesta rua. Nos pisos superiores da fachada, reabilitou-se a madeira e utilizou-se reboco à base de cal. Os caixilhos de madeira existentes foram reutilizados nas cozinhas, substituídos por novos caixilhos de vidro duplo com desenho semelhante.

No rés-do-chão, a intenção foi criar um pequeno comércio diurno. (...), considerou-se que é preciso recuperar também os lugares que trazem vida ao dia-a-dia da cidade. (...) No interior, mantiveram-se os barrotes originais à vista (as vozes antigas da vizinhança garantem terem sido transportados do Brasil). A utilização de portadas usadas confere ao espaço um caráter de "ruína". As mesas, balcões e prateleiras foram desenhadas e integram-se no conjunto dos objetos que compõem o café. A iluminação baixa e a aparência natural dos materiais oferece uma atmosfera de intimidade. Na cozinha, utilizaram-se materiais e técnicas contemporâneas, por forma a corresponder a elevados padrões de qualidade (...).

Nos pisos superiores, a intervenção pauta-se pela substituição de alguns elementos em mau estado de conservação e adaptação pontual da disposição espacial de modo a cumprir com áreas e padrões de conforto atuais. Foram reabilitados os soalhos dos pavimentos e a madeira das escadas e rodapés. Evidenciaram-se as texturas das superfícies de pedra, reboco e tabique dos tetos e paredes, unificadas pela cor branca. A entrada comum dos apartamentos (T1 no 1º piso e T3 duplex nos 2º e 3º pisos) é conformada por pedra e portadas pintadas e pavimento de mosaicos coloridos. (...) algumas superfícies são revestidas por portadas idênticas às utilizadas no rés-do-chão, mas pintadas com esmalte de cor clara para dar maior luminosidade. As portadas tornam-se elementos comuns aos vários pisos do edifício, materializando uma ideia de reabilitação a partir de materiais antigos (são provenientes de um outro edifício da cidade do Porto onde se tornaram desnecessários).

Evita-se, assim, a dicotomia muitas vezes usada na reabilitação, novo versus antigo. Algumas intervenções que descaracterizavam o edifício original foram ¿subtraídas¿, tais como rebocos excedentes, tetos falsos e uma marquise no 3º piso, que deu origem a um terraço outrora existente, pavimentado com mosaico hidráulico de padrões diversos (...).

(extrato da Memória Descritiva)