Prémio
Edifício
RECUPERAÇÃO DE HABITAÇÃO PARA TURISMO NO ESPAÇO RURAL - CASA DE CAMPO
Lugar de Felgueira, Vale de Cambra
PROMOTOR
Vasco Tavares
EXECUÇÃO
José António Covelo da Cunha
PROJECTO
André Eduardo Tavares
AB Projetos
COMENTÁRIO DO JURI
"Considerou-se notória a escolha cuidadosa das cores e dos materiais para diferentes partes do interior da casa. Arquitetonicamente bem resolvida e indiscutível melhoria no desempenho energético. Consideraram-se respeitados os conceitos de reabilitação visto que a reabilitação daquele edifício proporcionou o desempenho compatível com as exigências e condicionalismos atuais, salvaguardando as características e materiais pré-existentes. Apesar de se tratar de uma obra mais profunda de reabilitação, que levou verdadeiramente a uma melhoria de desempenho, conseguiu-se recuperar o caráter do edifício, através da exclusão de todos os volumes e elementos descaracterizadores e através do recurso ao desenho do detalhe baseado no existente."

A proposta não procurou repor um momento histórico específico. Pretendeu-se, com base na análise dos vários elementos construtivos existentes e na adição de outros novos, a construção de uma nova identidade e de uma nova relação com os espaços envolventes. (...) usaram-se as mesmas regras construtivas e compositivas do conjunto, bem como os materiais característicos das construções desta época, procurando-se assim uma coerência da intervenção na sua relação com a pré-existência e com a envolvente próxima (como é exemplo a utilização de revestimentos em ripado de madeira e a presença próxima dos espigueiros). O programa moldou-se à compartimentação primitiva, muitas vezes mantendo-se o seu uso original, excetuando-se o piso inferior, destinado anteriormente à criação de animais e que agora foi convertido numa unidade autónoma de alojamento. (...) procurou-se definir uma hierarquia na caracterização dos espaços recorrendo-se a dois sistemas de pormenorização distintos: o primeiro, em compartimentos térreos, caracteriza-se pela simplificação dos encontros entre materiais usando-se a betonilha aditivada com óxido de ferro ¿queimada¿ à colher nos pavimentos, reboco mineral à base de cal nas paredes e tetos com os vigamentos aparentes; um segundo, em compartimentos sobre pisos em madeira, recorre a remates em madeira como rodapés e guarnições e revestimentos de teto em madeira do tipo ¿Capa e Camisa¿ (...) Para garantir o conforto térmico foi necessário construir uma parede resistente em bloco de termoargila, pelo interior das alvenarias de pedra da fachada, com isolamento térmico e caixa-de-ar entre as duas. Este sistema em alvenaria resistente, que atravessa os dois pisos de cada corpo, assenta num piso térreo ventilado em módulos prefabricados de polietileno com camada superior em betão armado.

(Extrato da memória descritiva)