Menção honrosa
Reabilitação de Edifício
REABILITAÇÃO DO EDIFÍCIO CASA DO MIRADOURO
Largo António José Pereira, União de Freguesias de Viseu, Concelho de Viseu
PROMOTOR
Viseu Novo SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana, S.A.
EXECUÇÃO
Soares e Carvalho - Construção Civil e Obras Públicas, Lda.
PROJECTO
Coordenação
Arquiteta Cecília Moreno
Arquitetura
Cecília Moreno
Arquitetura paisagista
Filipa Almeida
Estabilidade, Águas, Esgotos e Térmica
José Paulo Gomes Tomás da Costa
Eletricidade, AVAC e ITED
José Agostinho Silva
COMENTÁRIO DO JURI

Embora tivesse verificado a utilização de materiais importados, como foi o caso da aplicação de madeira exótica em pavimentos, o júri considerou esta ¿intervenção uma reabilitação mais completa¿, no ponto de vista estrutural e de segurança que mereceu ser distinguido. Facto também demonstrado pela ¿presença da equipa técnica, onde incluía o técnico responsável pela estabilidade do edifício para responder às questões, relacionadas com a estrutura do edifício, colocadas durante a visita do júri¿.

(Extraído da Ata nº 2)


Trata-se da reabilitação de uma casa burguesa unifamiliar construída na primeira metade do século XX que, por uso descuidado ou negligente e falta de manutenção, se encontrava devoluta e muito degradada. Pretendia-se agora recuperar o uso como habitação unifamiliar e dar resposta a novos requisitos: acrescentar instalações sanitárias e dotar a casa de condições de conforto e eficiência energética.

Tendo-se verificado que os elementos estruturais em madeira (dos pisos e da cobertura) e as divisórias interiores em tabique estavam em bom estado e sem patologias, assim como uma grande parte das carpintarias interiores (soalho, portas, guarnições e rodapés), definiu-se como objetivo da intervenção, no que diz respeito à linguagem arquitetónica, a recuperação, ou recriação, do ambiente próprio da época de construção do edifício.

As novas instalações sanitárias ocuparam dois dos compartimentos secundários da casa (uma alcova interior iluminada pela claraboia central, no segundo piso, e um dos espaços que ocupam as águas furtadas), procurando-se manter a organização espacial original. De forma a não danificar as paredes em tabique, foi executada em cada um dos espaços uma forra de parede autoportante que esconde o caminho das redes de águas e que recebe as peças sanitárias suspensas.

Dotou-se o edifício de maior eficiência energética e conforto acústico, sem desvirtuar o seu caráter: as paredes do tardoz e das águas-furtadas, assim como as empenas, receberam isolamento térmico pelo exterior; os tetos foram isolados; os novos caixilhos, de batente ou guilhotina, são de madeira e têm duplo batente, borrachas de vedação e vidro duplo. Promoveu-se a ventilação natural no desvão da cobertura e nas paredes da cave em contacto direto com o solo.

A execução dos caixilhos foi feita segundo desenho ¿à medida¿. A sua forma, medidas e proporções têm, como referências, as dos caixilhos originais, sendo uma sua reinterpretação. O soalho foi restaurado e as falhas foram colmatadas com as tábuas retiradas dos espaços ocupados pelas instalações sanitárias. As carpintarias interiores foram recuperadas e os elementos em falta foram reproduzidos de forma a conferir continuidade e coerência ao desenho dos espaços. Os materiais de revestimento escolhidos, tal como as cores, são idênticos aos utilizados na época de construção do edifício. Na caracterização dos espaços, a escolha das cores, dos remates de teto e das armaduras de iluminação reforça e recupera a hierarquia espacial característica das "Casas do Porto".

(extrato da Memória Descritiva)