Prémio
Construção de Promoção Municipal
EMPREENDIMENTO DE 45 FOGOS NA OUTURELA
Oeiras
PROMOTOR
Município de Oeiras
EXECUÇÃO
Mota Engil, SGPS, S.A.
PROJECTO
Arquiteta Cristina Veríssimo,
Arquiteto Diogo Burnay
Arquiteta Patrícia Ribeiro
Arquiteta Paisagista Inês Norton de Matos
COMENTÁRIO DO JURI
Esta intervenção, bem enquadrada no contínuo edificado próximo, destina-se a pessoas idosas em situaçãode isolamento e com problemas de habitação, na vertente residencial assistida, servindo assim, também, de centro de dia. É um conjunto que concilia qualidade arquitectónica e atractividade, constituído por um edifício que é desenvolvido em total integração com um conjunto de excelentes espaços exteriores públicos e privados, bem desenhados, ajardinados e muito cuidados na sua construção e manutenção. A implantação do edifício, respeitando e adaptando-se à natural diferença de quotas do terreno, à sua volumetria e à cor dos materiais de revestimento, é uma forte atracção. O interior supreende-nos pela espacialidade, a luz natural e as transparências, sobretudo nas comunicações horizontais que se intercomunicam em diferentes níveis, permitindo convivialidade. Nos pisos onde se localizam as unidades residenciais consegue-se um subtil equilíbrio entre o espaço privado e o espaço social de convívio, para além do refeitório amplo e igualmente bem iluminado. As unidades residenciais caracterizam-se por uma cuidada espaciosidade e funcionalidade, que equilibra e qualifica espaços mínimos e ambientes que assim conseguem ser caracterizadamente domésticos.

O edifício procura estabelecer uma relação de continuidade e complementaridade com a paisagem urbana envolvente, estabelecendo a charneira entre uma zona residencial, a montante e uma zona de vários equipamentos, a jusante da encosta. Os fogos distribuem-se em duas bandas de quatro pisos, orientadas a nascente-poente, interligados por espaços de circulação e vazios centrais que se enquadram numa estratégia bioclimática, criando espaços de encontro e conversação que permitem a transparência vertical entre pisos. Conceptualmente, este espaço é suficientemente flexível para permitir que os utentes estabeleçam relações afectivas entre si e com o espaço que habitam. Dentro de cada unidade, o fogo racionaliza ao máximo o espaço, diluindo as áreas de circulação e agrupando as áreas húmidas em torno da courette central. As habitações permitem o máximo de flexibilidade para que cada habitante possa apropriar-se do seu próprio espaço. O piso térreo é composto por volumes negros em ardósia, que acomodam o programa mais público e deixam vislumbrar, através de grandes envidraçados, o jardim, que funciona como ponto de inserção social e de ocupação dos próprios habitantes do Centro.