GALERIA SOLAR DE SÃO ROQUE - GALERIA SOLAR DE SÃO ROQUE
O edifício existente estava abandonado há décadas. Cresciam, no seu interior, árvores de grandes dimensões, algumas enraizadas no topo das paredes em alvenaria de granito. Os materiais derivados do desmoronamento dos elementos construtivos, sobretudo as madeiras, serviam de adubo à vegetação que cobria totalmente o lote, constituindo uma imagem forte dominada pelas paredes em granito dispostas no meio da vegetação, configurando uma ruína de grande beleza. Os desígnios do projeto procuraram configurar, na sua formulação, a assunção da beleza da ruína, enquanto veículo identitário do projeto de recuperação. O programa funcional de instalação de uma galeria de arte cinemática para o rés do chão do imóvel foi facilmente reajustado aos pressupostos do projeto, orientado no sentido de integrar na recuperação a imagem, quase romântica, da ruína tomada pela vegetação. A passagem pedestre visa estabelecer uma ligação entre a Rua do Lidador e a Praça José Régio, atenuando um problema existente no traçado das ruas góticas da cidade. Estas ruas, que ligam a área da matriz em direção ao rio, são extensas no seu comprimento, sem ligações transversais. As ruas góticas da cidade histórica estabelecem a comunicação entre a parte central da cidade antiga e o rio e o seu porto. A passagem pedonal através dos edifícios permite estabelecer novas comunicações, cruzando estas ruas lineares. O edifício original foi construído no século XVI, tendo sido profundamente transformado no século XVIII. A remodelação foi feita após o edifício estar completamente em ruínas, sendo a passagem um espaço público, o qual está aberto das 8:00h da manhã até às 24:00h. Os objetos de arte estão protegidos através de painéis de vidro, com aquecimento natural e ventilação. No meio da passagem foram repostas algumas ruínas, testemunhos do edifício original do século XVI: um pórtico em granito e alguns degraus característicos deste período.
(Extrato da Memória Descritiva)